Das 10 vítimas, sete eram da mesma família e moravam no mesmo bairro, no distrito Palmeirinha de Ribeirão Branco (SP). Segundo familiares que sobreviveram, bairro está em luto e com casas vazias.
A viagem que seria revigorante, de paz e agradecimento, se tornou uma provação de fé e uma lembrança devastadora para os moradores do distrito Palmeirinha, de Ribeirão Branco (SP). O acidente de ônibus que matou 10 pessoas completa um mês nesta segunda-feira (5). Sete das vítimas eram da mesma família e moravam próximas umas das outras na área rural da cidade. Foi na madrugada da primeira sexta-feira de julho que a tradicional romaria organizada por uma das vítimas, Moacir Ferreira de Moraes, de 73 anos, partiu de Itapeva (SP) com destino a Aparecida (SP). Ao todo, 54 pessoas estavam a bordo e, após a colisão, 43 passageiros ficaram feridos e 10 perderam a vida.
Naquele dia, o consultor de vendas César Felipe Moraes Dias, de 30 anos, estava ansioso para viajar com a esposa, Yolanda Maria de Oliveira, de 28, e o filho do casal, de apenas um, o Conrado. Durante a visita ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, César planejava junto da esposa, agradecer as bençãos que receberam atravessando a passarela de joelhos.
Infelizmente, os planos de César não puderam ser realizados, pois a viagem dos fiéis foi interrompida pelo acidente, na altura do quilômetro 171 da Rodovia Francisco da Silva Pontes (SP-127), em Itapetininga (SP). O ônibus em que estavam saiu da pista e bateu contra um viaduto devido à uma suposta pane mecânica.
Momento do acidente
César Felipe estava no segundo andar do ônibus ao lado da esposa, o filho deles estava no colo de Yolanda e tudo parecia bem. Muitas pessoas estavam dormindo, até que sentiram o ônibus trepidar.
"Eu pulei em cima do meu filho e da minha esposa, que estavam dormindo, num ato de desespero, né? De eu receber o impacto que estava por vir e eu nem sabia que impacto seria. Explicar como que eu e ele [filho] escapamos do acidente e ela [esposa] veio a falecer, eu já não sei dizer, a não ser os planos e designíos de Deus", lembra César.
Depois da batida, a primeira coisa que César percebeu, é que Yolanda já não estava mais viva, e ele não encontrava o filho, que estava no colo dela antes do impacto.
"Fechei meu olho e fiz uma oração pra Nossa Senhora, quando terminei a oração eu ouvi o choro dele. Naquele momento parece que os anjos já estavam lá e eu achei meu celular e consegui enxergar e localizar ele, mas ele estava preso nas ferragens", conta.
Conrado foi socorrido e encaminhado ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba, apesar de ter sofrido poucas escoriações no corpo, o bebê foi o último sobrevivente a receber alta hospitalar. Segundo César, ele pediu pelo colo da mãe e chorou nas primeiras noites sem ela.
O distrito fica em uma área rural de Ribeirão Branco que permite que a família crie diversos animais, cultive alimentos e tenha contato com a natureza. Para César, o lugar que é o "paraíso" da família, agora se encontra em luto, com casas vazias ou com moradores faltando.
"É uma ferida que nunca vai ser curada, este lugar aqui era nosso mundo, né? O tempo passava devagar, pra criar filho não tem lugar melhor, aqui era nosso paraíso, ainda é, mas ficou difícil por causa de tantas perdas", lamenta César Felipe.
Tragédia:::sem comentários
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